30 de setembro de 2016

Tempestade


Por mais que ela tentasse estar bem, sua estabilidade emocional era frágil. Alguns a chamavam de talentosa, falavam que ela escreve e desenha bem e isso a colocava para cima por um tempo, mas não o suficiente para isso se perder em meio a sua longa e duradoura solidão, a mesma que sentia na época da escola quando sofria bullying e queria desistir de continuar frequentando. O que ela sente é que continua prolongando um sofrimento sem que haja um sentido. O que parece é que ninguém liga para ela, ninguém se importa se ela ainda está viva ou não. Todas as amizades que perdeu, todas as amizades que nunca teria, seu próprio pai falando que tinha vergonha dela por causa do que os amigos pensariam, tudo isso martela sua mente dando a certeza de que se ela não fosse aquela anormalidade que era, tudo isso seria diferente. A dor era demais, mas a coragem para dar um fim nisso lhe faltava. A vida no automático seguia e ela tentava se desconectar da realidade se afundando no sofá assistindo interminavelmente episódios das séries que lhe eram atrativas. Não se importava mais em tentar fingir estar bem. Isso já não fazia mais sentido. Sua mente era uma tempestade sem fim.

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